Maomé ibne Abedalá ibne Tair
Maomé ibne Abedalá ibne Tair | |
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Morte | novembro de 867 |
Nacionalidade | Califado Abássida |
Etnia | Persas |
Progenitores | Pai: Abedalá |
Ocupação | Administrador |
Religião | Islamismo |
Abu Alabás Maomé ibne Abedalá ibne Tair (Abu'l-Abbas Muhammad ibn Abdallah ibn Tahir; 824/5 - novembro de 867) foi um taírida que serviu o Califado Abássida como governador e chefe de polícia (saíbe da xurta) de Baguedade de 851 até sua morte, durante um período particularmente tumultuado na história da cidade, que incluiu seu cerco durante a guerra civil de 865–866, na qual desempenhou um grande papel. Ele também serviu na década de 860 como governador do Iraque, Meca e Medina, e foi um notório estudioso, poeta e patrono de artistas e estudiosos.
Vida
[editar | editar código-fonte]Maomé nasceu em 824/5 (209 A.H.).[1] Era filho de Abedalá ibne Tair do Coração, que após uma distinta carreira militar tornou-se governador militar (uale alarbe ualxurta) de Baguedade, antes de partir para o Oriente, onde governou uma vasta vice-realeza compreendendo o Irã central e oriental, de 830 até 845; segundo C.E. Bosworth, ele foi "talvez o maior dos taíridas". Baguedade e os interesses da família no Iraque permaneceram nas mãos de seu primo, Ixaque ibne Ibraim Almuçabi e seus herdeiros.[2][3] No Oriente, Abedalá foi sucedido por seu filho Tair, mas no Iraque, a posição da família estava muito menos estável, com os taíridas brigando entre si.[4] Como resultado, em 851 o califa Mutavaquil chamou Maomé ibne Abedalá do Coração para o Iraque, onde assumiu os governos de Baguedade, Sauade e Pérsis, enquanto segundo o estudioso egípcio do século X Axabusti, ele também serviu como camareiro califal (hájibe).[5]
Logo após a ascensão de Almostaim em 862, Tair ibne Abedalá morreu. Almostaim propôs que Maomé ocupasse a vice-realeza de seu irmão no Oriente, mas ele recusou-se, e o filho de Tair, Maomé, foi nomeado em seu lugar. Maomé ibne Abedalá foi reconfirmado em seus antigos ofícios, e recebeu o governo de Meca e Medina.[1][6] Os anos seguintes foram turbulentos para o califado, pois ele entrou num período de instabilidade doméstica que paralisou seu governo.[7] Revoltas eclodiram em Baguedade em 863 com as notícias duma grande vitória bizantina contra os muçulmanos, que necessitou da intervenção de tropas turcas para suprimi-las, enquanto em 864, Maomé ibne Abedalá teve de suprimir uma revolta álida que eclodiu em Cufa sob Iáia ibne Omar, que derrotou o primeiro exército enviado contra ele antes de ser circundado e morto pelo general Huceine ibne Ismail em agosto.[1][5]
O Iraque persa, junto com as províncias na costa sul do mar Cáspio, também permaneceram sob jurisdição de Maomé ibne Abedalá. Nas últimas, Gurgã e Tabaristão, Maomé nomeou seu irmão Solimão, cuja administração foi tão opressiva que os habitantes locais rebelaram-se em 864 e convidaram outro álida, Haçane ibne Zaíde, para liderá-los. Embora as forças taíridas conseguiram derrotar a revolta inicial e expulsar Haçane e seus apoiantes para as montanhas de Dailão, no começo da década de 870 ele conseguiu recuperar o Tabaristão, estabelecendo uma dinastia álida independente na região.[8] Na Arábia também, elementos álidas usaram do tumulto no Iraque para rebelarem-se: em 865, um álida chamado Ismail ibne Iúçufe saqueou Meca e Medina, matando muitos dos peregrinos que reuniram-se lá para o haje, de modo que foi chamado Alçafaque (al-Saffak), "o Sanguinolento".[1]
No mesmo ano, a luta civil na corte abássida alcançou Baguedade: em fevereiro de 865, Almostaim deixou Samarra junto com os generais turcos Uacife e Buga, o Jovem e procurou refúgio em Baguedade. De volta em Samarra, o resto do exército turco elevou Almutaz ao trono, e sob o comando do novo irmão do califa, Abu Amade, marchou contra Baguedade. O cerco de Baguedade pelas tropas samarranas durou o ano inteiro, e Maomé ibne Abedalá liderou a defesa em apoio de Almostaim. Gradualmente, contudo, desistiu de qualquer perspectiva de vitória, e começou negociações com Abu Amade. Ele foi acusado de traição e quase linchado pelos defensores da cidade, e foi salvo apenas pela intervenção de Almostaim. Posteriormente, Almostaim concordou em render-se e então abdicar em favor de Almutaz em janeiro de 866.[9][10] Maomé permaneceu em sua posição e reteve seus ofícios até sua morte em novembro de 867.[1]
Entre os contemporâneos, foi também conhecido como um estudioso e poeta. Ele relatou hádices, e foi patrono de artistas como o cantor Amade ibne Iáia Almaqui, chamado Zunaine, que escreveu seu "Livro de Canções de Escolha" (Kitab mujarrad fi'l-aghani) para ele. Maomé também teve um "interesse vívido em gramática e filologia" (Bosworth), com os gramáticos proeminentes Almubarrabe e Talabe frequentando seus círculos e participando em disputas em sua presença.[1][11]
Ver também
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Precedido por Abedalá ibne Ixaque ibne Ibraim |
Governador taírida de Baguedade 851–867 |
Sucedido por Ubaide Alá ibne Abedalá ibne Tair |
Referências
- ↑ a b c d e f Zetterstéen 1993, p. 390.
- ↑ Bosworth 1975, p. 97–98.
- ↑ Kennedy 2004, p. 154, 159–160.
- ↑ Bosworth 1975, p. 101–102.
- ↑ a b Bosworth 1975, p. 102.
- ↑ Bosworth 1975, p. 102.
- ↑ Kennedy 2004, p. 169–175.
- ↑ Bosworth 1975, p. 102–103.
- ↑ Kennedy 2004, p. 171–172.
- ↑ Le Strange 1900, p. 311–313.
- ↑ Bosworth 2002.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bosworth, C. E. (1975). «The Ṭāhirids and Ṣaffārids». In: Frye, R.N. The Cambridge History of Iran, Volume 4: From the Arab Invasion to the Saljuqs. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20093-8
- Bosworth, C. E. (2002). «MOḤAMMAD b. ʿABD-ALLAH b. ṬĀHER». Enciclopédia Irânica. [S.l.: s.n.]
- Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second Edition). Harlow: Longman. ISBN 978-0-58-240525-7
- Le Strange, Guy (1900). Baghdad during the Abbasid Caliphate from contemporary Arabic and Persian Sources. Oxford: Clarendon Press. OCLC 257810905
- Zetterstéen, K.V. (1993). «Muḥammad b. ʿAbd Allāh"». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume VII: Mif–Naz. Leida e Nova Iorque: BRILL. p. 390. ISBN 90-04-09419-9